A Igreja Católica, rumo à Jornada
Mundial da Juventude, que será realizada no Rio de Janeiro em julho de 2013, promove
a 50ª edição da Campanha da Fraternidade, com o tema “Juventude e
Fraternidade”. Neste caminho, a Igreja consolida sua opção preferencial também
pelos jovens, consciente dos desafios que tem de enfrentar para renovar sua
linguagem, articular seu diálogo, inserir-se nas redes sociais e garantir
espaço privilegiado aos jovens na experiência do seguimento de Jesus Cristo,
sua mais importante tarefa evangelizadora.
Para a Igreja Católica,
particularmente no Brasil, este é um ano da juventude. As grandes metas incluem
a oferta de caminhos para que os jovens experimentem o encontro pessoal com
Jesus Cristo, na condição de discípulos missionários, com uma presença mais
ativa nas comunidades de fé. Assim, é possível fazer crescer os dons e talentos
da juventude, ampliando sua participação na busca de uma sociedade mais
solidária, lugar de vivência respeitosa e comprometida com o bem comum.
Essa aposta tão importante, no
caminho deste tempo da Quaresma, está iluminada pelo horizonte comovedor e
evangelicamente rico do anúncio feito pelo Papa Bento XVI, de que deixará o
ministério petrino no próximo dia 28. Um acontecimento que remete a Igreja, de
modo muito forte, pela envergadura espiritual e moral do Papa, ao mais genuíno
da simplicidade evangélica. As inteligências são desafiadas na busca de razões
que, elaboradas, ancoram uma decisão de tal porte e tão impactante. As mentes
também ganham uma luminosidade incomum que exige assentamento na mais
qualificada significação da condição de simples “servos da vinha do Senhor”,
como o Papa Bento XVI dizia no dia de sua eleição como sucessor de Pedro, em
2005.
Ainda muito importante, é
considerar o desafio posto a todos os que servem na Igreja, impulsionados a uma
corajosa revisão na ocupação de cargos e lugares, no desempenho de
responsabilidades e na coragem saudável de não gabar-se de nada e nem se
considerar, absolutamente, mais importante ou privilegiado. Na apresentação de
sua renúncia, o Papa Bento XVI diz que, no mundo de hoje, sujeito a rápidas
mudanças e agitado por questões de grande relevância na vida da fé, para
governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho é necessário vigor, do
corpo e do espírito.
Não há inteligência que
substitua, estratégias que se equiparem ou ações políticas e diplomáticas que
alcancem a estatura e a força transformadora que virá sempre de quem cultiva
esse acenado vigor espiritual. Neste momento oportuno, a Igreja percorre o
caminho rico e interpelador do tempo da Quaresma, iluminada pelo brilhante
testemunho de fé e de profunda intimidade com Deus, na vida e ministério do
Papa Bento XVI. É chamada a avaliar, compreender e dar uma resposta adequada ao
tesouro inesgotável de sua fé. Entre os muitos capítulos que estão sendo
repassados, em busca de posturas e respostas novas, está o compromisso emanado
da opção preferencial pelos jovens. A efetivação desta aposta, indispensável,
inadiável e sempre atual no caminho evangelizador da Igreja, é um enorme
desafio. Supõe muitas e profundas mudanças.
O intocável tesouro da fé,
buscado cada vez mais na sua riqueza inesgotável, para ser aprendido e vivido,
desafia o caminho pedagógico e formativo da Igreja, exigindo mudanças
iluminadas por uma compreensão capaz de produzir nova lucidez e intuir novas
respostas. Não se trata apenas de multiplicar alguns eventos, retomar práticas
ou simplesmente dar algumas indicações. Os desafios são amplos. A cultura
midiática, por exemplo, requer um conhecimento mais apurado, com resultados na
abordagem das muitas e novas linguagens, para garantir aos jovens a vivência de
experiências interativas, diálogos e, particularmente, testemunhos.
Importante, sobretudo neste tempo
de Quaresma e na vivência da Campanha da Fraternidade, é cultivar, pela
simplicidade evangélica, uma espiritualidade capaz de fortalecer sempre a opção
preferencial pelos jovens.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte