Sempre que convido pessoas para participar de um cursilho e, consequentemente, tornarem-se cursilhistas, tenho uma certa dificuldade em explicar do que se trata.
Como explicar o que faz parte inseparável do que eu sou?
É como tentar explicar por que para mim é importante respirar ou me alimentar, ou seja, é algo tão óbvio, tão necessário para mim que eu é que não entendo como é que pode ter gente que vive sem!
Aceitar o convite exige coragem e não é qualquer pessoa que está disposta a dedicar 3 dias de sua vida tão corrida para simplesmente parar e refletir sobre questões importantes mas que passam batidas entre tantas tarefas que temos a cumprir diariamente.
Porém, invariavelmente, ao final dos 3 dias, os participantes afirmam coisas do tipo: “Se eu soubesse como era bom, teria vindo antes”; “A gente entra sem querer entrar e sai sem querer sair”, “Não vi o tempo passar”...
É claro que tais afirmações, entre tantas outras declarações apaixonadas, não garantem que o novo cursilhista vai continuar participando do movimento e até mesmo da Igreja, tudo vai depender da perseverança.
O fato de escrever este meu texto já é desde logo o reconhecimento de um fracasso. Sim, se preciso escrever um texto explicando porque vale a pena ser cursilhista e as razões pelas quais amo este movimento, é porque não tenho demonstrado adequadamente com a minha vida o quanto foi maravilhoso ter trocado 3 dias de nada por 3 dias que me deram vida e vida em abundância.
Mas, se algum leitor, em algum momento de convívio comigo já encontrou algo a admirar, fique logo sabendo (se ainda não sabe): o grande responsável por todas as minhas tentativas de fazer algo de bom da minha vida é o Movimento de Cursilhos de Cristandade.
É claro que existe também a fundamental influência da minha família, mas acontece que a influência do Cursilho na minha família foi também fundamental.
Também é claro que a verdadeira meta da minha vida é Cristo e não o Cursilho, mas o movimento se mostrou para mim como o melhor instrumento para participar da Igreja Católica e viver meu seguimento a Jesus Cristo.
Participei do meu Cursilho em 1996. Não fui daquelas que se entrega logo de cara e só me dei conta mesmo do quanto tinha sido importante alguns dias depois que saí. Resolvi então participar da primeira Assembléia Festiva, da primeira Escola Vivencial e desde então foram muito raros os convites do cursilho que eu tenha recusado.
Apesar de ser cursilhista ter trazido muitos compromissos para mim e para minha família, minha vida não foi em nada limitada por isso. Ao contrário, a consciência adquirida ao longo de todos estes anos (e ainda em construção) guiou as minhas decisões e abriu inúmeros dos caminhos que escolhi para mim.
Com o Cursilho aprendi a importância de se buscar formação e procurar entender um pouquinho a minha fé, minha Igreja, meu mundo, minhas escolhas. Esta consciência formada a partir do Cursilho é que me permite (e a todos os que se dedicam), estar no mundo sem ser do mundo.
Isto é o que me encanta. A proposta não é para viver dentro da Igreja, mas para, com todos os nossos defeitos e limitações humanas, tentar ser Igreja no mundo. Trabalhando, festando, convivendo.
Fiz meu cursilho ainda antes de entrar na faculdade e foi trabalhando nele que descobri que gostaria de estudar Direito e ser professora. O Cursilho nos ensina a identificar e valorizar nossos talentos, habilidades, vocações e, principalmente, verificar como esta vocação pode ser colocada a serviço da construção do Reino.
Evidentemente que sempre falho nesta missão. Não consigo ainda viver meu ideal em plenitude, mas vou tentando.
Certa vez uma amiga me perguntou que diferença faz ser alguém que tem fé, que se dedica à Igreja ou ser simplesmente alguém ético, honesto, etc?
Eu respondi que nos dois casos a pessoa enfrentará dificuldades, será ridicularizada algumas vezes, será passada para trás em outras e terá vontade de desistir. Aquele que tem fé, como não coloca sua meta na vida presente, como não procura meramente seu bem estar mas sim procura se parecer com Aquele a quem segue, este terá forças acima de si mesmo para continuar a peregrinação por esta pátria que não é definitiva.
Já vi Deus (com o Cursilho) fazer maravilhas na vida de muitas pessoas e famílias, inclusive e notadamente, na minha.
Como também já vi pessoas se afastarem do Cursilho, de Deus e da Igreja e só encontrarem complicações, tornarem a vida cinza ao invés de decolores. Não que ser cristão e ter fé sejam garantia de uma vida simples, muito pelo contrário. A fé não muda nada nas circunstâncias da vida, muda sim a forma como reagimos a elas. Quando as nossas forças não são suficientes, é um privilégio ter a certeza de que forças do alto intercedem em nosso favor.
Isso não se encontra apenas no Cursilho e na Igreja Católica, mas foi nele que eu (e muita gente em 50 anos de história no Brasil) encontraram.
No Cursilho ganhei também alguns dos melhores amigos que alguém pode ter, pessoas com que contarei para o resto da vida, seja nos momentos de festa como também nas tristezas.
É por isso e por tudo o que é impossível explicar, que amo o Cursilho e convido pessoas de quem gosto para que se juntem a nós, para que se permitam este passo na busca do sentido da vida, para que se sintam inteiros, amados e merecedores do maior amor que existe.
Só vivendo para saber. Venha viver esta experiência.
Por: Paty Melhem
Fonte: Das Minhas Cores. Disponível em: <http://dasminhascores.blogspot.com/2011/06/cursilho-tres-dias-por-uma-vida.html#comment-form>. Acesso em 16 de dezembro de 2011.
Isso sim é presente de natal. Linda mensagem! Parabéns Paty! Que Deus a abençoe sempre e lhe dê força e coragem para superar eventuais obstáculos. Gostaria de ter uma filha como você.
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